Das inúmeras coisas da época de escola das quais me lembro, uma, em especial, me "tormenta" a cabeça até hoje, cerca de vinte anos após o ocorrido. Existia, permanecente à direção da escola, um caderno de atas, de capa dura, chamado carinhosamente de livro preto. Este livro continha advertências e anotações sobre a indisciplina de alguns alunos da escola. Quem fazia bagunça, ou teria de se entender com os pais, assim quando chegasse em casa, ou, na melhor das hipóteses, teria de deixar seu nome marcado para sempre nas páginas do tal livro preto. Sempre quando diziam que alguém havia ido à diretoria assinar o livro preto, me gelava a cabeça a ideia de que um dia eu poderia assinar aquele livro também. Criançola dos anos 2000, - para mim, a última década de criançolas - eu temia a Deus e ao mundo, principalmente quando a causa do temor em questao envolvesse a sabedoria dos meus pais a respeito de tais artimanhas que por mim pudessem ser realizadas.
        A fim de saciar minhas dúvidas sobre tal livro de anotações e assinaturas, resolvi pesquisar sobre o famigerado e descobri que as anotaçoes sobre as indisciplinas dos estudantes só serviam para amedrontar, sem nada de muita gravidade, contudo, para um melhor esclarecimento, o livro preto serve para fincar, para sempre, seu nome nos arquivos obscuros da escola, entao, caso você já tenha tido a oportunidade de assinar tal caderno, certamente estará com o nome marcado para sempre na história da escola. O meu está marcado desde há vinte anos.
        Darei nome aos bois, pois, certa e dificilmente, os contribuintes não vão acessar este portal e ler vossos nomes. Era uma bela tarde de uma terça-feira e tivemos a geniosa ideia de abrirmos uma espécie de estúdio de tatuagem infantil. 

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